Livro Italianos em Mato Grosso - Lançamento Entrelinhas Editora
Lançamento
Pelo
caminho das águas
Professora
da UFMT lança livro sobre a imigração italiana pela rota do Prata
A “rota do Prata” ou o “caminho
das águas” teve uma participação importante no povoamento de Mato Grosso até o
início do século passado e foi responsável por colocar um Estado ainda
desconhecido para boa parte dos brasileiros do litoral no cerne da imigração
italiana. Essa história, que tem muitos sobrenomes conhecidos como Orlando (da
Casa Orlando), Ricci, Fragelli, Capriata, Verlangieri, Gaeta, Maiolino e
Lotufo, entre tantos outros, é contada pela professora doutora Cristiane Thaís
do Amaral Cerzósimo Gomes no livro “Italianos em Mato Grosso: fronteiras de
imigração no caminho das águas do Prata (1856-1914)”, pela Entrelinhas, tendo
como co-editora a EdUFMT, que será lançado no Sesc Arsenal, no próximo dia 23 (quarta-feira).
A autora também estará autografando a obra no 3º Pranzo della Comunitá, o
almoço especial de Natal a ser realizado pela Comunidade Italiana de Mato
Grosso, no Hotel Fazenda Mato Grosso, no dia 27 (domingo). Parte da renda do
almoço será revertida à Pediatria da Sociedade Beneficente da Santa Casa de
Misericórdia de Cuiabá.
A autora nasceu em Ponta Porã
(MS), mas mora em Mato Grosso desde 1979, onde se graduou em História pela
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) – campus Rondonópolis. De origem
italiana, Cristiane interessou-se pelo tema durante a especialização. “Os meus
bisavós, Eduardo Cerzósimo e Angela Tortora, vieram da Itália para Mato Grosso,
no final do século XIX, pela rota do Prata. O casal morou
um tempo em Assunção, no Paraguai, depois em Corumbá e acabou se estabelecendo
em Nioaque (hoje Mato Grosso do Sul)”, conta a pesquisadora.
O fato de o historiador Lenine
Póvoas ter lançado livro sobre italianos em Mato Grosso, em 1989, realizando o
primeiro levantamento de famílias italianas que fixaram moradia em terras
mato-grossenses, motivou mais a professora a prosseguir com suas pesquisas
sobre o tema no mestrado, feito na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de
São Paulo. A dissertação resultou no livro “Viveres, fazeres e experiências dos
italianos na cidade de Cuiabá (1890-1930)”, lançado pela Entrelinhas Editora em
co-edição com a EdUFMT em 2005, com prefácio da historiadora Elizabeth Siqueira
Madureira.
“Meu projeto de pesquisa foi
muito bem aceito porque representou um novo olhar sobre a história das
migrações na América Latina. Como esses italianos chegaram a Mato Grosso?” –
recorda Cristiane, que partiu em busca de respostas no projeto de doutorado
apresentado à PUC-SP e feito também sob orientação da professora Maria
Antonieta Martinez Antonacci. “Saí da banca com indicação para publicação da
tese”, conta, orgulhosa, Cristiane, que já tem planos para o pós-doutorado e
hoje está ligada ao Departamento de História da UFMT em Cuiabá.
Para escrever a tese – hoje
transformada em livro ilustrado com muitas imagens do período analisado
(1856-1914) –, a professora recorreu a fontes manuscritas reunidas no Arquivo
Público do Estado de Mato Grosso e no Núcleo de Documentação e Informação
Histórica Regional da UFMT, a jornais da época, e acervos públicos e privados.
Gravou entrevistas com imigrantes italianos como Rina Ricci, que faleceu aos 90
anos, e descendentes como o cuiabano Névio Lotufo, que faleceu em outubro
passado. Municiada com informações tão ricas e minuciosas, escreveu uma obra de
leitura acessível a todos que se interessam pela história de Mato Grosso e de
pessoas que cruzaram o Oceano Atlântico para criar raízes em outro continente.
Mas por que tantos italianos
acabaram se estabelecendo no longíquo Mato Grosso, no limiar do século XX?
Histórias como a do genovês José Dulce, que inicialmente se estabeleceu na
Argentina, depois veio para Corumbá e continuou subindo o rio Paraguai até
Cáceres, onde prosperou (foi dono da loja “Ao Anjo da Ventura” e do vapor
Etrúria), ilustram bem esse processo migratório, que trouxe para Mato Grosso
uma leva de homens solteiros. “Muitos acabaram se casando com representantes da
elite local, num processo de inserção sociocultural pelo casamento”, conta a
autora, que trabalha a História na linha thompsoniana (do historiador inglês E.
P. Thompson), buscando reconstruir vivências e experiências dos migrantes
italianos em terras mato-grossenses, numa época em que o contato com a Europa e
as grandes cidades brasileiras, como o Rio de Janeiro e São Paulo, era feita em
vapores, que desciam e subiam os rios da Bacia do Prata – a famosa “rota do
Prata” ou o “caminho das águas”.
Serviço
O que: Lançamento do livro
“Italianos em Mato Grosso: fronteiras de imigração no caminho das águas do
Prata: 1856-1914” de Cristiane Thaís do Amaral Cerzósimo Gomes (Entrelinhas e
EdUFMT)
Quando: 23 de novembro, às 19h30
Onde: Espaço Climatizado da
choperia do Sesc Arsenal
Mais informações: Entrelinhas Editora
(65-3052.8711)
Martha Baptista
(8402-9784)
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